Os ratos podem transmitir cerca de 30 doenças. Entre as mais comuns estão a leptospirose, as hantaviroses e a peste.
Leptospirose – A leptospirose é causada pela bactéria leptospira, transmitida ao homem pela urina de ratos, ratazanas e camundongos. A leptospira penetra no corpo pela pele, principalmente se houver algum ferimento ou arranhão.
Após chuvas intensas, as águas invadem as tocas dos roedores e carregam as bactérias para as residências e as vias públicas. Em situações de enchentes e inundações, a urina dos ratos, presente em esgotos e bueiros, mistura-se à enxurrada e à lama das enchentes. Qualquer pessoa que tiver contato com a água ou lama contaminadas pode se infectar. Geralmente os surtos de leptospirose começam uma semana após as enchentes.
Na época de seca, também oferecem riscos à saúde humana o contato com água ou lama de esgoto, lagoas ou rios contaminados e terrenos baldios onde existem ratos. Portanto, deve-se evitar o contato com esses ambientes.
Os sintomas da leptospirose são febre, dor de cabeça, fraqueza, dores no corpo (especialmente na panturrilha, conhecida como “batata” da perna), pele amarelada e calafrios. Eles surgem de sete a quinze dias após a infecção. Ao perceber os sintomas, deve-se procurar, o mais rapidamente possível, um hospital e informar ao medico a ocorrência do contato com água ou lama das enchentes.
Hantavirose – A hantavirose é uma doença infecciosa grave, causada pelo hantavírus, transmitido por saliva, fezes ou urina dos roedores. Essas secreções secam e misturam-se à poeira do ar. A principal forma de infecção ocorre quando a pessoa inala poeira em ambientes onde o vírus esteja presente, principalmente em locais fechados. Depois de ser inalado, o vírus pode levar até 60 dias para entrar em ação.
Apesar de ter sido detectada há poucas décadas, a doença já se espalhou pelo mundo e têm alto índice de mortalidade. Na região do cerrado brasileiro, o rato silvestre transmissor do hantavírus é o rato do capim ou rato-da-cauda-peluda. Apesar de registrada em quase todo país, a doença tem maior incidência nas regiões Sul e Centro-Oeste.
Nas zonas rurais e silvestres, os casos são mais frequentes e o acesso a um tratamento adequado é mais difícil. A hantavirose é considerada uma doença sazonal e, segundo o Ministério da Saúde, surge em maior número nas regiões de cerrado durante os períodos de seca, entre março e agosto. Com o fim das chuvas, os alimentos para os roedores diminuem e eles saem para buscar comida no habitat humano. Nas regiões de Mata Atlântica, os casos são mais frequentes entre os meses de outubro e dezembro, e o transmissor é o rato da taquara.
Sintomas – Os sintomas da hantavirose são: febre e dores de cabeça, no corpo e na região abdominal, mas como esses sintomas também estão presentes em gripes, pneumonias e nos casos de dengue, fica mais difícil o diagnóstico da doença ainda na fase inicial. No entanto, isso é importante para evitar o agravamento dos sintomas, tais como a tosse seca e dificuldade de respirar. Nessa fase, se não for internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), o paciente pode morrer, pois precisa de aparelhos para ajudá-lo a respirar. Não existe vacina ou tratamento específico para a hantavirose. As únicas medidas capazes de evitar a morte são o diagnóstico precoce e os cuidados adequados em uma UTI.
Prevenção – De acordo com o Ministério da Saúde, para prevenir a doença, os celeiros, porões e casas nas regiões rurais devem ser limpos, o que ajuda a evitar a propagação do vírus. Os grãos devem ser armazenados em locais bem fechados, que impeçam o acesso dos roedores, e não se deve deixar lixo acumulado nas redondezas da casa. Há risco, ainda, de se contrair o hantavírus durante pescarias e passeios de ecoturismo. Quem gosta de estar junto à natureza deve evitar deitar diretamente no chão, acampar em locais com presença de fezes de roedores ou de outros pequenos animais e andar descalço. Caso levem alimentos, os turistas devem mantê-los em recipientes hermeticamente fechados.
Peste – A peste negra ou “febre do rato”, como é conhecida popularmente, é uma doença infecciosa aguda, transmitida principalmente por picada de pulga (de ratos) infectada pela bactéria Yersinia pestis. A peste teve um impacto enorme na Europa no século XIV, quando se espalhou rapidamente e matou cerca de 25 milhões de europeus – um terço da população do continente naquela época. A epidemia voltou a ocorrer várias vezes nos séculos seguintes.
A peste continua sendo muito perigosa em diversas partes do mundo. Focos naturais da doença persistem na África, na Ásia, no sudeste da Europa, na América do Norte e na América do Sul. De acordo com o Ministério da Saúde, no Brasil, entre os anos de 1993 e 2007, foram notificados 74 casos de peste humana. Além do potencial epidêmico, é alta a mortalidade que a doença pode causar. Na forma bubônica, quando não tratada, pode alcançar 50%, e nas formas pneumônica e septicêmica, pode alcançar uma letalidade próxima de 100%.